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O que essa "magrela" tem a dizer - 31.08 Dia do Nutricionista



Já estou nessa rede há alguns anos e ainda não tinha parado pra contar um pouco de como cheguei a ser a profissional que sou e agora às margens do dia do nutricionista (31.08) resolvi fazer isso, até como uma boa pra você que acredita que meus conteúdos possam te ajudar, me conhecer melhor.


Bom, eu tenho 37 anos, ou seja, fui criança nas décadas de 80 e 90, uma autêntica millenium que cresceu em um misto entre tv (sessão da tarde, chiquititas, sailor moon), a chegada do computador (sim, cheguei a fazer pesquisa escolar na enciclopédia Larousse), os videogames antigos (nintendo, mario bros) e uma bela dose de criança do interior com visitas ao campo, comendo fruta no pé no meu quintal, subindo em árvore, caminhando 3km pra ir pra escola, etc). Meus avós eram da roça, minha mãe chegou a passar a infância por lá também. Já eu, a quarta neta de vinte e dois, nasci em uma cidadezinha do interior de SC. Família grande e muito unida.


Detalhe: Faltam 12 pessoas da familia na foto, 6 adultos e 6 crianças. Foto de 2000 ou 2001.


Na alimentação, mesa farta, comidinha caseira e simples, muita salada e fruta mas também muita massa, polenta e carne de panela. A gente comia bem! Eu sempre era das últimas a sair da mesa e por isso escutava frequentemente “magra de ruim”, mas te digo, a verdade é que nunca fui magra de ruim realmente.Hoje vendo em perspectiva vejo muitas escolhas, rotinas e hábitos formados que me mantiveram em forma a vida toda e que fazem parte de um estilo de vida que quero compartilhar com você nos meus conteúdos e postagens.



Familía reunida, fevereiro de 2022.


Na minha casa, éramos em três irmãos, eu a do meio…a pimentinha, a brabinha, a doidinha, a simpática, a sociável, a espoleta! Sempre fui muito ativa, diria até, hiperativa! Subia em muro, batia na porta do vizinho e saia correndo, brincava de esconde-esconde e pega-pega com a turminha de primos ou amigos, explorava a quadra da casa da vó. Entre os irmãos, corríamos pra ver o que tinha de gostoso nas compras do mercado mas quase sempre era uma decepção pois minha mãe cuidava muito da nossa alimentação.



Minha mãe, com certeza, foi minha primeira professora de nutrição! Com o livro “A saúde brota da natureza” na gaveta da cozinha, ela batia os próprios recordes de variedade de sementes no pão caseiro, usava azeite na comida, fazia as próprias geléias e bolos, foi quem me apresentou ao kefir, ao chá de boldo, a roer uma cenourinha enquanto esperava o almoço, a enrolar uma folha em algo gostoso pra descer melhor. Quem trazia frutas ou mesmo água quando eu esquecia de ir atrás. Sempre contando os benefícios de cada alimento. Minha mãe não deixava miojo entrar em casa, refri, salgadinho ou bolacha recheada e cozinhava pra gente todos os dias. Foi ali que me alimentar bem se tornou algo rotineiro e que vem fácil na minha vida.


É claro que tive a fase das descobertas. Saí cedo de casa, com 17 anos vim pra Floripa estudar, primeiro foram alguns meses de cursinho e com 18 começava na nutrição da UFSC, feliz da vida. Mas ali me libertei de algumas regras: amava miojo e comi muito, me dava o direito de um bombom por dia e uma vez cheguei até a comer 1kg num restaurante. Mas a faculdade foi mostrando o que estava por trás de comer bem ou não, a vida foi me dando a chance de aprender a cozinhar e logo no primeiro ano do curso esse combo colocou a minha alimentação de volta no lugar. Na faculdade me tornei ativa de uma forma mais organizada escolhendo um exercício físico para cada semestre: vôlei (que adoro mas sou ruim), musculação, corrida, natação, trilhas e caminhadas. Foi na sequência, quando fiz meu mestrado em saúde pública que conheci uma atividade que me apaixonei e faço até hoje: a acroyoga (dez anos já!).



Família reunida na minha formatura, 2015.


No mestrado me apaixonei também pelo papel da educação alimentar, ajudar as pessoas a fazerem melhores escolhas através da consciência do que estão fazendo, informando e trazendo fatos científicos para seu contexto de vida.


Acredito na liberdade de escolhas e nos benefícios de uma vida mais natural. Já fiz curso de permacultura onde aprendi a plantar, compostar, reaproveitar, usar as pancs (plantas comestíveis não convencionais) e amo colocar tudo isso em prática. Já tive a oportunidade de mochilar em mais de uma ocasião, ver novas culturas alimentares e viver intensamente. No final do mestrado parei tudo para fazer isso mesmo: viajar e simplesmente viver. Em dois anos visitei treze países, peguei carona, viajei sozinha, passei perrengue, conheci pessoas incríveis, morei um ano e meio na Itália, comi bem mas tive fases de comer pouco por falta de grana. Foi viver um sonho, mas chegou uma hora que eu quis voltar.



Carnaval de Veneza, fevereiro de 2017.


Algo que vi na prática nessas viagens foi o quanto nossa cultura alimentar brasileira é gordurosa e açucarada e o quanto ficamos reféns disso muitas vezes. Procuro ajudar nessa consciência de forma gradual e suave, como foi pra mim!


Voltei, casei, engravidei. Sempre foi um sonho ser mãe, fui e sou muito apaixonada por tudo na maternidade. Tudo o que eu ainda podia melhorar nas minhas escolhas alimentares, agora eu fiz. Escolhi comprar o mínimo possível de carne na minha casa, apenas eventualmente compro peixe e raramente outras coisas. Frutas e vegetais é de praxe e meu filho, hoje com 4 anos e ainda mamando, come absolutamente de tudo.

Floripa, 2019. Eu e o Noah com menos de 1 ano.


Meu desafio final foi manter uma rotina de vida ativa nos primeiros anos do bebê, ainda mais após ter ganhado 10kg na gestação e deixado apenas 4kg no parto. Entre o casamento e o filho pequeno eu apanhei pra voltar a me exercitar, vivia de treininhos de aplicativos ou youtube (confesso que ainda uso esse recurso quando a correria aperta apesar de serem de bem maior intensidade).



Entre a separação no casamento (definitiva quando meu filho tinha três anos), o retorno à rotina intensa de trabalho pós-pandemia e os desafios da maternidade, apenas consegui voltar a me exercitar com regularidade e intensidade na metade do ano passado (completando um ano agora!!!).


Mas é isso, posso ser uma magrela que não viveu as mazelas do emagrecimento mas te garanto que vivo e vivi na prática do meu dia-a-dia os cuidados que levam alguém a ter e manter um peso adequado: rotina pensada, comida de verdade, equilíbrio nas escolhas pra não perder o bom da vida e muito movimento sempre, mesmo no malabarismo de ser mãe solteira e trabalhadora.




Amo ser nutricionista e poder fazer parte dessa transformação nos hábitos de alguém!

Muito prazer!


Com amor, nutri Gabi Goulart.


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